terça-feira, 26 de outubro de 2010

SONETO DE LAMENTAÇÃO









Vai morrendo em mim aquela verve de poeta.
Já não sei quem sou, já não possuo aquela dor.
Aquela angústia que eu amava já me afeta
e nem sofro, mais, dos males de amor.

Deixei a lira, a um canto, esquecida.
E o velho encanto de saber dizer em versos.
A madrugada, abandonada e amanhecida,
não mais orvalha a calçada e os meus regressos.

Deixei a musa que eu amava ir morrendo
neste verso, como a lágrima derradeira.
Meu estro, torpe, simplemente envelhecendo

Nessa tristeza que me tem e não me quer.
Se não bastasse, fiz a última asneira
Deixando a lua por uma outra mulher.

(Costa Pinto)



(Imagem extraída do site: "fotosdocotidiano.blogspot.com")

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