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quarta-feira, 2 de março de 2011

Soneto da Esquadra




Que noite hedionda e macabra
Caiu com o pranto na alma
Que marca a mais, tão profunda
Que guerra planteia a calma?

Que a negra porta se abra
libertando estes receios
Rancor que na lama afunda
Num ódio de estranhos meios

Uma tortura oportuna
Estica no peito o laço
No ar a bandeira enfuna

E cheia já parte a escuna
De ódio se estende o braço
Revolta no mar a espuma

(Costa Pinto)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Canção Trovadoresca

Senhora, jamais pensei
Em vos dizer do sofrer.
Do muito que amargurei
pensando cá, em morrer.
Por causa de tanto amor,
me fez penar esta dor,
porque não a posso ter.
É certo que não verei
este dia amanhecer.
Pois esta dor, que bem sei
consome todo o meu ser
já vai me causando a morte,
brotando por esse corte
que se abriu do meu sofrer.

E, senhora, já nem sei...
Se inda vos entristecer
tudo o que eu já sonhei,
talvez possa desdizer:
Por causa de tanto amor,
me fez penar esta dor,
porque não a posso ter.

(Costa Pinto)

(Ilustração acima: Symphonia da Cantiga 160, Cantigas de Santa Maria de Afonso X, o Sábio - Códice do Escorial. (1221-1284), obtida no "site" Wikipedia.org)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O Canto de Piatã


Oxalá, vem ajudar-me.
Vem ajudar-me, Oxalá!
Bem sabes que o teu filho sofre
a profunda dor que abate o Orixá.
Agonizante, ele não é mais guerreiro.
E em seu peito abriga Iemanjá,
para morrer no mar como um saveiro,
como um bom filho de Oxalá.
Ao sol a sua espada já não brilha.
Não existe prata em seu olhar.
Como um barco que se perde pela trilha
de luz nas ondas, para então morrer no mar.
A sua boca não escapa à maldição.
Nem o sangue que derrama é de Xangô.
Sangrando, o seu punhal crava no chão.
Já não canta, e nem come seu ebô.
E o terreiro é a dor que perde um bravo,
chorando, com as iaras à cantar.
Das águas Orixá envia um cravo
de guerreiro, para então morrer no mar.
É o fim da tempestade de Iansã.
Meu pai Zambi, tão supremo Obatalá.
Talvez esteja calmo o amanhã,
com a morte desse filho de Oxalá.

(Costa Pinto)

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Trioleto


Em ti, a mais bela arte
daquela escola de artistas.
Uma tela frágil, à parte.
Em ti, a mais bela arte
de Netuno, Vênus, Marte.
Pinceladas modernistas.
Em ti, a mais bela arte
daquela escola de artistas.

(Costa Pinto )

(Imagem: Pintura de Niceas Romeo Zanchett "Mulheres Amantes")

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

VILANCETE



Olhem o jeito dela.
É um anjo de candura:
É pura, pura e impura.

E vem descendo a ladeira
com seus tamanquinhos de salto,
deixando um barulho no asfalto,
na tarde de quarta-feira.
Enche o ar de uma censura:
É pura, pura e impura.

Naquele andar vai um verso.
E mais outro em seu olhar.
Um poema, o céu e um mar
no seu seio vai imerso.
Vai formosa, vai segura.
É pura, pura e impura.

                                                                   (Costa Pinto) 


Pintura: Lavadeira, de Alfredo Roque Gameiro,
grande pintor aquarelista contemporâneo (1864-1935).


(imagem extraída do Blog:"ilona-bastos.blogspot.com")

terça-feira, 26 de outubro de 2010

CANÇÃO REDONDA



















Vinha do fim da noite o cavaleiro
que descia murmurante pela rua.
Calma a sua fronte. Era Trigueiro
e trazia os olhos claros como a lua.


Vinha do fim da noite o cavaleiro
que ia torpe à procura da manhã.
Fitando a estrela que no céu aparecia,
andava louco à procura de um dia,
que ia torpe à procura da manhã.



(Costa Pinto)


(Imagem extraída do Blog: "www.arsgladiatora.com)