Ontem,
a fome fitou-me com seus olhos
esbugalhados,
através de uma criança.
Pedia-me que eu a saciasse.
O que eu poderia fazer,
se ela estava em todos os lugares?
Aos olhos da fome
sentia-me culpado.
Achava-me tão inocente
que não percebia que estava enganado.
A fome fala todas as línguas,
se expressa através das retinas,
não manda recado,
não pede perdão.
A fome é uma guerra vazia,
um monte de vítimas,
nenhuma explosão.
A fome,
em seu eterno silêncio,
nos fere por dentro
se ousarmos fitá-la.
Diante de nossa frieza,
a fome é prosaica,
se torna banal.
Diante de tanta fartura
a fome é loucura,
é irracional.
a fome fitou-me com seus olhos
esbugalhados,
através de uma criança.
Pedia-me que eu a saciasse.
O que eu poderia fazer,
se ela estava em todos os lugares?
Aos olhos da fome
sentia-me culpado.
Achava-me tão inocente
que não percebia que estava enganado.
A fome fala todas as línguas,
se expressa através das retinas,
não manda recado,
não pede perdão.
A fome é uma guerra vazia,
um monte de vítimas,
nenhuma explosão.
A fome,
em seu eterno silêncio,
nos fere por dentro
se ousarmos fitá-la.
Diante de nossa frieza,
a fome é prosaica,
se torna banal.
Diante de tanta fartura
a fome é loucura,
é irracional.
Um belíssimo poema de constatação, meu caro João Felinto. O poeta, realmente, é aquele que sabe se expressar com a alma e o coração, mesmo quando seu poema é uma bandeira de contexto social.
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