sexta-feira, 22 de julho de 2016
Sumir..
Tantas vezes quis ser um belo
Pássaro.
De asas brancas e longas
Para voar..
Voar além dos meus sonhos
Além dos oceanos.
No momento está tudo tão cinzento
Tão fechado
Tão escuro.
Me sinto preso
Me sinto sem asas
E então..
A vida real me desperta
E vejo que não sou
Pássaro...nem tenho belas asas.
Sou Humana.
Presa neste mundo
Cansada...
Sumir ?
Isto já é outro sonho
impossivel
E assim o carrego comigo.
Cilelela
(Camila Lobo)
sexta-feira, 24 de abril de 2015
Reflexo Tardio
Este, que embora rude e tão mesquinho,
se julga soberano nas questões sombrias da minha alma.
Mas,
caminho sóbrio, pisando vilanias.
A contemplar a infinita distância de mim mesmo.
As longínquas marés de cada lembrança, os duros seixos
das desilusões,
a esperança inacabada.
Abandonada e inútil, devaneando entre crenças e soluços .
Caminho
junto ao tempo, lado a lado com ele.
Como se não houvesse nada a contar, marcar ou refletir.
Como se pudesse ser pela primeira vez, sem ter vivido o
antes.
Como se tentasse sonhar, sem ter dormido nunca.
Caminho
amando e entendendo cada passo,
Cada curva da estrada, cada vegetação, cada flor.
Como se fosse a primeira vez.
Mas, caminho em cada história que nunca vivi,
ou vivida não me venha mais à memória.
Caminho
breve e atônito, extenuado e absorto.
E
vou prendendo cada um desses lamentos doídos, em mim
Como uma bandeira sobre a janela de um edifício.
Aquela, que expressa tresloucada um soturno grito de
vitória.
Como
alguém que diz, de si para si mesmo,
com olhos marejados de outono,
Diante do espelho:
- Deus meu, ainda estou aqui !
(Costa Pinto)
quarta-feira, 11 de março de 2015
vôo
se eu chorar a cada decolar de um avião que fará a viagem de volta, não se incomode tanto,
talvez seja apenas por ter a certeza que cada dia foi único e mesmo que eu volte muitas vezes, cada uma será única.
e quando eu não mais voltar, será porque acabou!
acabou o encanto!
acabou a emoção
acabou a vontade teimosa de te fazer feliz e de ser feliz
levarei comigo a lembrança de cada segundo
levarei o som de cada risada escancarada sem nenhum pudor e os sorrisos discretos também
levarei os olhares, alguns de censura, outros de aprovação absoluta!
e tantos outros olhares que gritavam quando a voz era absolutamente desnecessária
levarei junto comigo todos os abraços fortes e os suaves também!
levarei junto as palavras de carinho, as palavras sacanas apimentadas, em alguns momentos de troca intensa... catarse.......onde o êxtase era sinônimo de puro prazer por ali estar !
enquanto um avião ou um raio não cai, continuarei levando aqui dentro, num cantinho muito especial tudo o que jamais será possivel traduzir em palavras, as ditas e as escritas !
esteja certo, a felicidade será constante e eterna, reverberará sempre!
sob um olhar
olhe aqui bem aqui!
se for necessário eu escondo o resto pra voce conseguir.
escondo boca,
não sinto gosto
escondo ouvidos,
fico surda
escondo nariz,
não sinto cheiros
olhe aqui, bem aqui!
escondo colo,
viro carrasco
escondo seios,
serei menos mulher
escondo ventre,
deixo de parir
olha aqui, bem aqui!
perdi as coxas
perdi joelhos,
junto com eles as pernas
eos pés , ah! os pés
olha qui, bem aqui!
olha bem os meus olhos
é o que eu quero mostrar
leia-os, desvende-os
agora olha aqui!
sobraram-me um par de mãos
segure-as, não solte-as mais
mas continue por favor
olha aqui!
olha os meus olhos.
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
O ancião da fé
Vila dos prosélitos, um multifacetado lugarejo de diversas religiões, vivia em paz por haver tolerância e principalmente respeito entre seus moradores.
Um
dia, a paz do lugarejo foi afetada pela obsessão de um seguidor da Egocêntrica,
uma religião de acirrados. A obsessão consistia em que todos seguissem os
egocêntricos, assim eram conhecidos os seus seguidores.
Esse
seguidor chamava-se Egoísta, considerava-se um verdadeiro profeta dos tempos
atuais, dizia-se salvo e condenava a todos os que não o tivessem como exemplo.
Acreditava falar com os anjos e que isso fazia dele um homem puro. Ameaçava as
crianças alheias na intenção de que assim aceitassem sua fé: - Se seu filho
ficar à beira da morte, você acreditará em mim.
Havia
uma mulher, Dona Dúvida, humilde, de boa índole, que vivia bem com todos,
talvez por ter passado por tudo nessa vida. Ela não seguia nenhuma religião,
nem ocupava Deus com pedidos tolos. Porém, diante da ameaça de dispersão de
seus vizinhos, arriscou pedir a Deus que fizesse alguma coisa, por exemplo,
levar o Sr. Egoísta para o céu; diante disto, estaria tudo resolvido.
Não
querendo Deus o Sr. Egoísta ao seu lado, fato esse desconhecido pelo mesmo,
resolve ter uma conversa com ele.
Aparece
Deus ao raiar do sol, como se fosse um humilde ancião, seguidor da Aceitação, e
cumprimenta o Sr. Egoísta: - Que a Aceitação nos salve. Ele o tratou com
extrema frieza, foi grosseiro, tentou desvencilhar aquele ancião de sua intensa
fé. Diante disso, muda Deus, a sua forma por diversas vezes, passando por todos
os tipos de membros de todas as religiões, com seus trajes e suas maneiras de
cumprimentar, até tornar-se um Egocêntrico e fala ao Sr. Egoísta: - Sou teu
Deus.
Surpreso, assustado e ao
mesmo tempo maravilhado, o Sr. Egoísta se envaidece e fica cheio de si, por ter
sido escolhido para falar com Deus, e pensa consigo mesmo: “Bem que eu dizia
a todos, isso prova que eu estava com a verdade.”
Lendo
Deus o seu equivocado pensamento, fala-lhe novamente: - Egoísta, tu tens
boas intenções, porém não queiras o meu lugar. Lúcifer, já foi um anjo meu.
Lembre-se disso. Por que queres todos seguindo a ti, para chegar até mim? Sabes
tu que não podes condená-los e muito menos salvar a si próprio. Não se antecipes
a mim.
O Sr.
Egoísta ainda tenta justificar-se: - Senhor,
eu apenas queria ser exemplo para eles.
Deus o
interrompe com rispidez: -
Homem, os teus passos foram de perfídia e solidão, até o dia em que me
encontraste em seu próprio coração. Não precisaste de nome para me definir, nem
de representantes para me falar e muito menos de exemplo para me seguir.
Já
desesperado, o Egoísta ajoelha-se e roga: - Senhor, não me abandones, eu não
sabia o que fazia.
Deus estende a sua mão
direita e aponta o indicador para o Sr. Egoísta, ao mesmo tempo em que fala: -
Não temas, és a minha forma e semelhança, e como tal és passível de erro. És
condenado, não pelos teus atos, mas pelo que és, um mortal.
Olhando as costas daquele
ancião que partia, assim como chegara, trajado como um humilde seguidor da
Aceitação, o Sr. Egoísta decide repensar a sua fé.
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
BRIGAS CONJUGAIS
Quantos lares são desfeitos
Pelas
brigas conjugais?
Quantos
e quantos casais,
Não
tem os seus ais aceitos?
Qual
seria o melhor jeito
De
entendermos um ao outro?
Cada
um cedendo um pouco,
Talvez
faça algum efeito,
Se não
for tarde demais.
Desde
os primeiros sinais
De que
o amor se dissolvia
Nas
brigas do dia a dia,
Nas
discórdias casuais,
Nos
sentimos tão normais
Na
tristeza e na alegria,
Que
dissemos com ironia:
Tanto
faz.
Assinar:
Postagens (Atom)