sábado, 23 de julho de 2011

SONETO QUARENTA E QUATRO


Não é possível exatidão e permanência
Num mundo de extrema raridade.
Onde encontrar a verdadeira liberdade,
Sendo um escravo da existência?

Ser limitado em sua própria consistência,
Um pensamento que é volatilidade.
Ser ilusório dentro da realidade,
Uma chama que é essência.

Não há certeza fora de sua consciência.
Acreditar pode não ser veracidade.
O ser não cabe entre a fé e a ciência.

O que seria a ilusão da inocência,
Senão fração de nossa continuidade.
Nossa vontade impera nossa anuência.

SONETO TRINTA E UM


Não importa qual sua aparência, agora.
O amor é um vínculo imaterial,
Sentimento que não se apega à forma,
Não tem lógica e até parece casual.

A saudade é uma medida ilusória,
Para ver o nosso grau sentimental.
Nem as lágrimas d’aquele que ainda chora,
Servem de prova de que seja imortal.

A vontade de estar junto é companhia,
Entre beijos e um abraço sensual.
O amor exige em si, essa harmonia.

O ciúme ao contrário, é fatal.
E não quer dizer o tanto que amaria,
Serve apenas, pra mostrar seu lado mal. 

De João Felinto Neto

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A quem eu quero

E me aparece assim,
De repente,
Como quem não quer nada!
Sentidos imersos em um turbilhão de pensamentos e desejos
Que se apropriam do corpo
Sem julgar certo e errado,
Apenas sendo
[e querendo fazer...
De forma tal que amedronta
Mas instiga uma força estranha
Quente
Deliciosa
No fervor do sangue, do pensamento
E do sentimento
Que não sabe o que se é!

(Bruno Campelo - 14/07/2011)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

DECRÉPITO POETA


Enquanto o sol
se põe ao entardecer,
meus olhos podem ver
o que não viam.
Meus pés descalços
pisam a areia fria,
enquanto o mar
parece me dizer:
- Bom dia.
A lua, à noite,
na distância se perde,
como os meus versos
pelo tempo,
dia-a-dia.
Entre meus dedos
sinto aflorar a minha poesia,
apesar de meu sorriso
já não parecer o mesmo.
Minhas palavras
na garganta enrouquecida,
mostram mais sabedoria
e menos segredos.
Decrepitude,
que aos poucos me limita.
Minha última atitude
é olhar à janela
e ver o mesmo sol
que continua a se pôr
no fim do dia.

domingo, 3 de julho de 2011

POSSUÍDO


Tenho a sensação de que você me possuiu
Tal uma virgem
Tem a alma exposta ao diabo.
Tenho a impressão de um sacrifício
A um deus omisso
Que condena os meus pecados.

Na satisfação,
Fiquei perdido.

Na desilusão,
Fui encontrado.

Do poeta potiguar João Felinto Neto