sexta-feira, 4 de março de 2011

Essência


O que mais amo em ti
Não são as coisas volúveis neste pensamento
Nem a doce sensação que vem desse desejo inerme
Não são os teus olhos, teu riso,
O teu corpo querido que como uma chama misteriosa
se acende e se apaga na noite do meu corpo.
Não são os teus lábios leves, como pássaros
a beberem as cores do crepúsculo nessas tarde mortas,
nem a sonoridade amena de teu murmúrio ao vento
como a música lenta do universo.
O que mais amo em ti é a tua própria essência.
Aquela que brota do mais íntimo de tua serenidade,
como uma estrela perdida no céu de teu sorriso,
como um aroma doce de murta sobre os teus cabelos
ou o desabrochar do lírio que perfuma toda a primavera
como se fosse a última vez.
O que mais amo em ti
é o que mais amo em cada coisa inexplicavelmente bela.
A longa contemplação do ser amado.
A infinita volúpia de se saber sentido.
A mágica paisagem do teu rosto calmo
a suspirar sobre o rosto úmido da natureza.
Assim como um templo cingido da face de Deus.
O que mais amo, absolutamente, em ti
é o que mais amo no mais profundo de meu ser
que, como um enorme lago,
vai refletindo inda mais que tua suavidade,
uma imagem maior, mais duradoura,
como o reflexo infindo de nossa própria vida.
O que mais amo em ti
é o que mais amo no céu, no mar,
no horizonte e na aurora.
tudo isso que ultrapassa os sentidos,
que foge para além do próprio sentimento,
colocando-se diante de mim como uma grande lua
a iluminar-me os passos nessa estrada escura
que vou seguindo ao encontro de você.
(Costa Pinto)

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