quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O Canto de Piatã


Oxalá, vem ajudar-me.
Vem ajudar-me, Oxalá!
Bem sabes que o teu filho sofre
a profunda dor que abate o Orixá.
Agonizante, ele não é mais guerreiro.
E em seu peito abriga Iemanjá,
para morrer no mar como um saveiro,
como um bom filho de Oxalá.
Ao sol a sua espada já não brilha.
Não existe prata em seu olhar.
Como um barco que se perde pela trilha
de luz nas ondas, para então morrer no mar.
A sua boca não escapa à maldição.
Nem o sangue que derrama é de Xangô.
Sangrando, o seu punhal crava no chão.
Já não canta, e nem come seu ebô.
E o terreiro é a dor que perde um bravo,
chorando, com as iaras à cantar.
Das águas Orixá envia um cravo
de guerreiro, para então morrer no mar.
É o fim da tempestade de Iansã.
Meu pai Zambi, tão supremo Obatalá.
Talvez esteja calmo o amanhã,
com a morte desse filho de Oxalá.

(Costa Pinto)

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