sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

FONTE DE VIDA

Eu descobri que ontem
num jardim distante,
ouvia a tua voz
chamar-me pelo nome
e respondi num grito
de alegria e espanto.

Saber que a amo tanto
é a força que conduz
meus passos para a luz
do mundo.

O teu querer profundo
me fez sentir-se um rei.
Nos braços me amparei
enquanto caminhava.
Regavas o meu pranto
com tuas tenras lágrimas,
pois eu também chorei.

Eu nunca me acordei
do mais incrível sonho.
À noite eu acompanho
teus passos pela casa.
E quando estou sozinho,
minha alma cria asa
e voa para o ninho.

O sol vem de mansinho
quebrando a barra.
A tua mão me agarra
para que eu possa ficar.
Nós temos que ocupar,
enquanto a vida passa,
cada um o seu lugar.

Mas tenho que voltar
pra velha estrada.
Sem ter hora marcada,
tento encontrar
o colo que me acalma,
a mão que me embala
e o mais doce olhar.


João Felinto Neto 

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O Canto de Piatã


Oxalá, vem ajudar-me.
Vem ajudar-me, Oxalá!
Bem sabes que o teu filho sofre
a profunda dor que abate o Orixá.
Agonizante, ele não é mais guerreiro.
E em seu peito abriga Iemanjá,
para morrer no mar como um saveiro,
como um bom filho de Oxalá.
Ao sol a sua espada já não brilha.
Não existe prata em seu olhar.
Como um barco que se perde pela trilha
de luz nas ondas, para então morrer no mar.
A sua boca não escapa à maldição.
Nem o sangue que derrama é de Xangô.
Sangrando, o seu punhal crava no chão.
Já não canta, e nem come seu ebô.
E o terreiro é a dor que perde um bravo,
chorando, com as iaras à cantar.
Das águas Orixá envia um cravo
de guerreiro, para então morrer no mar.
É o fim da tempestade de Iansã.
Meu pai Zambi, tão supremo Obatalá.
Talvez esteja calmo o amanhã,
com a morte desse filho de Oxalá.

(Costa Pinto)

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Cantiga Viageira



Eu não sou Cruz nem Bandeira
mas tenho o meu palmo de terra.
Guardado no fundo de um verso,
tenho um pedaço de serra
onde respiro o meu ar.
No fundo da minha algibeira,
algo que a magia encerra:
oculto um pedaço de mar

(Costa Pinto)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Espaço Sutil











Espaço esquisito de tempo
Toca flauta, bate o bumbo
Chama o povo e faz discurso
Espaço esquisito de tempo
As urnas superlotadas
Que saudade, Coronel!
Das ruas em alvoroço
Menino jogando "pelada"
Cachorro chupando um osso
Um rato roendo papel
Espaço esquisito de tempo
Roça, milho e café
Praia a semana inteira
Cobra e bicho-de-pé
Petróleo, dinheiro e paz
Bota areia na peneira
Mata dois filhos do Zé
Espaço sutil demais

(Costa Pinto)


segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

P'ra que sentir saudade!

PRA QUE SENTIR SAUDADE
SE ELA TRAZ DA AUSÊNCIA
O QUE SE QUER COM SUA ESSÊNCIA
PARA ATRAIR E DIZER: SEJA BEM-VINDO!

PRA QUE SENTIR SAUDADE
SE É BEM MELHOR VIVER O AMOR
COM SUA MAGIA!

SAUDADE DE TUA PRESENÇA
SAUDADE DE TUA VIDA AQUI
SAUDADE DE TEU DOCE JEITO DE MA MAR
SE TENS TODO CARINHO A ME VISITAR
NA DISTANCIA.

SAUDADE QUE FAZ SOFRER
É QUANDO APERTA NO PEITO
A ANGÚSTIA DE NÃO TER MAIS JEITO
DE ESTAR PERTO.
AH! AQUELE MOMENTO QUE NÃO VOLTA MAIS!
MAS A SAUDADE PODE FAZER
COM QUE SE APROVEITE O DIA DE HOJE
E DELA POSSA TRAZER
A VONTADE DE AMAR - OUTRA VEZ

Elinaura de Oliveira

Emoção

Não somos donos de nossa vontade
na áurea da emoção,
ela penetra as raízes do ser,
A trazer o gosto de viver
ou a tisteza que incomoda.

Emoção a comparar com a paixão
é como um corpo febril
que arde, treme, sem queimar.
Abre as ventanas do amor
Que vem pra saciar os desejos
e depois, serenamente
entre carícias e beijos,
se satisfazer.

Elinarua de Oliveira

domingo, 16 de janeiro de 2011

COISAS DE PAIXÃO

Quando nos Apaixonamos
ousamos ir longe com nossos desejos
logo Pensamos em ter a pessoa por perto
em tudo que fazemos.
Queremos compartilhar!

Paixão é a Ilusão que chega
e faz o coração pulsar mais forte
Quando isso acontece
Ela vem bem acompanhada de um componente
que faz mexer com corpo e mente
e até improvisar em expressão de bem querer
Ela faz acontecer o que nem a razão pode dizer.
A Paixão faz aquecer o coração em sua chama acesa
E diz aqueça-me!
A paixão é mais que a ilusão de estar
com o amor da vida.

Elinaura de Oliveira

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Vulto de Aurora



Uma mulher de aurora se desponta,
de inaudita beleza, se destila
no raiar da natureza, e se evapora
no infinito. Se desfaz sem conta.
Já no seio da tarde transparece
o doce vulto, que no céu já esquecido,
acaricia, com tal zêlo, a sua essência
que vaporosa pelas sombras aparece.
E as nuvens, em sua prata se dissolvem
à contemplar maior tristeza, a do poeta
que com o olhar tão fito na aurora
busca o vulto de amor que ela exala:
a mulher que vai perdida nessas cores
e os momentos que se perdem nessa hora.

(Costa Pinto)

(imagem acima:"aurora-boreal' - Extraída do site: imagemmegami.blogspot.com)

Sonetilho



Eu tenho algo no peito
que urge no fim do mundo.
Eu tenho algo no fundo
que vibra, louco e desfeito.
Eu tenho um ódio vadio.
Razão que eu não encontro
uma posição em confronto
com um espaço vazio.


E tenho enorme tensão,
Canção de antigo compasso,
como a rota de um rio:
Um lugar sem posição.
A posição sem espaço.
E esse espaço vazio.

(Costa Pinto)

(imagem extraída do site:"lica.spaceblog.com.br" - Tristeza do Infinito) 

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Ausência

"Não faz diferença se você vem amanhã ou não vem. Desisti de esperar por alguém cuja ausência me faz companhia." (Caio Fernando Abreu)

Trioleto II



Sou um poeta, ou um louco?
Já não sei o que respondo,
neste verso torpe e mouco.
Sou um poeta, ou um louco?
Já fui cada qual, por pouco
fui menestrel, não escondo.
Sou um poeta, ou um louco?
Já não sei o que respondo.

(Costa Pinto)

(imagem extraída do site: "muraldosescritores.ning.com")

Aos Olhos da Fome

Ontem,
a fome fitou-me com seus olhos
esbugalhados,
através de uma criança.
Pedia-me que eu a saciasse.
O que eu poderia fazer,
se ela estava em todos os lugares?
Aos olhos da fome
sentia-me culpado.
Achava-me tão inocente
que não percebia que estava enganado.
A fome fala todas as línguas,
se expressa através das retinas,
não manda recado,
não pede perdão.
A fome é uma guerra vazia,
um monte de vítimas,
nenhuma explosão.
A fome,
em seu eterno silêncio,
nos fere por dentro
se ousarmos fitá-la.
Diante de nossa frieza,
a fome é prosaica,
se torna banal.
Diante de tanta fartura
a fome é loucura,
é irracional.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O Ano de Todos.



A Nave Literária deseja a todos um 2011 de plenas realizações.

Que o ano que se inicia,traga com ele um impulso maior à criatividade, à literatura e às artes de um modo geral.

Mas que, antes de tudo, seja um ano de felicidades, de amor, de paz, e de muita saúde e cultura.

Este será o ano de todos e para todos.

Nave Literária

Vinheta


O tempo se esvai, como num lamento
Que de tanto encanto, desencanto ficou
De tanta euforia, só tristeza existe
De tanto amor, nada resta por hora



E o suspiro, que se esvanecia como o vento
Que o tempo trouxe, devagar, Parou!
Ficou somente algo que persiste
Não mais suspiro, já soluço agora.

(Costa Pinto)


(Imagem: "mulher no sofa em preto-e-branco"_reasonably_small)

domingo, 2 de janeiro de 2011

Substantivo Abstrato

O amor,
Alardeariam os eternos,
É optar céu ou inferno,
Deus ou Diabo.
Explicariam os letrados,
O amor é certo
Substantivo abstrato.
É um sentimento ultrapassado,
Assim, diriam os modernos.
É na verdade, um mistério,
Resumiriam os mais práticos.

O amor,
Sussurrariam os celibatos,
É casto, é puro.
Resmungariam os sisudos,
É apenas infantilidade.
É luta pela liberdade,
Exaltariam os dissidentes.

O amor
É para sempre,
Suspirariam os emotivos.
É simplesmente mito,
Afirmariam os mais céticos.
É tão somente sexo,
Falariam os impulsivos,
Impulso de uma vontade.
É perdoar a humanidade,
Ensinariam os profetas.
É a solidão e a saudade,
Declamariam os poetas.