Já não tens mais que um só canto a cantar
tua canção dessa eterna desventura.
E esse medo que o amor se mate,
sem que aplaque essa dor que te tortura.
Já não tens mais que um só caminho a trilhar,
semeando em cada terra essa loucura.
Já não mensuras a distância dos teus passos,
nem mais te abrigas no tom íntimo da ventura.
Já não tens mais porque chorar de agonia.
Maldade e dor: feias irmãs do desencanto
sustentam firme a cruz pesada da inconstância.
Teu rosto grave, onde uma lágrima fugidia
escorre breve, e umedece o teu manto,
morrendo, enfim, nesta infinita dor-distância.
(Costa Pinto)
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